sexta-feira, 13 de maio de 2011

a pedra

Havia uma pedra, bela e grande.
Um dia, alguém passou por ali e vendo a pedra,
pôs-se a contemplá-la.
Ficou por um longo tempo olhando os contornos da pedra, as flores que a rodeavam
e o sol que parecia deixá-la mais bonita.
Disse para si mesmo: esta é a Pedra do Mestre.
Posso Vê-lo sentado sobre ela a sorrir para mim.
E entrou em êxtase rapidamente.
Foi quando outra pessoa chegou e lhe falou:
Estou há algum tempo a observar-te, de frente para esta pedra, e penso:
o que pode levar alguém sorrir por tanto tempo
a uma pedra e, sinceramente, não encontro um justo motivo que possa me convencer de que não estejas perdendo teu tempo.
Ele voltou-se para o estranho que invadira
seu momento com o Mestre:
Pois bem. Fico também pensando em algo:
O que pode levar alguém a perder seu tempo tão precioso querendo entender algo que está
somente para ser sentido.
Eu olho para a pedra e vejo Deus.
Eu olho para a pedra e sinto Deus.
Tu olhas para a mesma pedra,
mas nada vês e com tua mente julgas
o que não estás sentindo.
Para tornar-te um sábio, meu amigo,
é preciso que vejas e sintas com o coração.
Só assim poderás ver, mesmo numa pedra,
a presença de Deus a abençoar-te.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mensagem do Velho ao Moço

Mensagem do Velho ao Moço


Você já foi criança um dia... mas os anos se dobraram e fizeram de você um jovem,quase um adulto... E agora você me olha com certo desprezo só porque muitos anos se dobraram para mim e hoje eu sou um velho...

Você observa minhas mãos trêmulas e encarquilhadas e se esquece que foram as primeiras a acariciar as suas, inseguras na infância.

Critica os meus passos lentos, vacilantes, esquecendo-se de que foram eles que orientaram seus primeiros passos.

Reclama quando lhe peço para ler uma palavra que meus olhos já não conseguem vislumbrar com precisão, esquecido das várias palavras que eu repeti inúmeras vezes para que você aprendesse a falar.

Fala da lentidão das minhas decisões, esquecendo-se de que suas primeiras decisões foram por elas balizadas.

Diz que eu sou um velho desatualizado, mas eu confesso que pensei muito pouco em mim, para fazer de você um homem de bem.

Reclama da minha saúde debilitada, mas creia, muito trabalho foi preciso para garantir a sua.

Ri quando não pronuncio corretamente uma palavra, mas eu lhe afirmo que esqueci de mim mesmo, para que você pudesse cursar uma Universidade.

Diz que não possuo argumentos convincentes em nossos raros diálogos, todavia, muitas foram as vezes que advoguei em seu favor nas situações difíceis em que se envolvia.

Hoje você cresceu... É um moço robusto e a juventude lhe empolga as horas...

Esqueceu sua infância, seus primeiros passos,suas primeiras palavras, seus primeiros sorrisos...

Mas acredite, tudo isso está bem vivo na memória deste velho cansado, em cujo peito ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora...

É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta... Só notei naquele dia... naquele dia em que você me chamou de velho pela primeira vez, e eu olhei no espelho...

Lá estava um velho de cabelos brancos, vincos profundos na face e um certo ar de sabedoria que na imagem de ontem não existia. 

Por isso eu lhe digo, meu jovem, que o tempo é implacável, e um dia você também contemplará o espelho e perceberá que a imagem nele refletida não é mais a que hoje você admira...

Mas você sentirá que em seu peito o coração ainda pulsa no mesmo compasso...

Que o afeto que você cultivou não se desvaneceu...

Que as emoções vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos...

Que as palavras amargas ainda lhe ferem com a mesma intensidade... E que apesar dos longos invernos suportados, você não ficou frio diante da indiferença dos seres que embalou na infância...

Por isso que eu lhe aconselho, meu filho:

Não ria nem blasfeme do estado em que eu estou, eu já fui o que você é, e você será o que eu sou...

Aquele que despreza seus velhos, é como galho que deixa o tronco que o sustenta tombar sem apoio. 

A ingratidão para com os que nos sustentaram na infância é semente de amargura lançada no solo, para colheita futura. 

Assim, façamos aos nossos velhos o que gostaríamos que nos fizessem quando a nossa idade já estiver bastante avançada. Pensemos nisso!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Dois Irmaos

Narra uma lenda judaica que dois irmãos que haviam vivido sempre na cidade, resolveram fazer um passeio no campo.

Enquanto caminhavam, viram um homem que arava uma grande porção de terra e acharam muito estranho, não conseguindo entender porque ele destruía assim a campina.

Na seqüência, observaram que o homem colocava sementes nos sulcos que fizera.

Um dos irmãos achou que o campo era um local de loucos, pois jogava fora trigo bom. Por isso, voltou à cidade.

O outro irmão, contudo, observou que poucas semanas depois, os pés de trigo começaram a brotar. O campo era um imenso tapete verder.

Escreveu para o irmão da cidade a fim de que ele viesse verificar, com seus próprios olhos, a maravilha.

Ele veio e realmente se maravilhou. Mas, passados alguns dias, o verde dos brotos foi dando lugar ao dourado.

Então ambos entenderam o trabalho do semeador.

Depressa o trigo amadureceu. O semeador trouxe a foice e começou a ceifar.

O irmão que havia retornado à cidade não conseguia acreditar no que via:

O homem parece doido, dizia. Trabalhou o verão todo e agora destrói, com suas próprias mãos, a beleza do trigal maduro.

E voltou para a cidade, fugindo do campo.

O outro tinha mais paciência. Ficou e seguiu o fazendeiro. Assistiu a colheita, viuo levar o trigo para o celeiro.

Observou como ele retirou o joio do trigo e o cuidado com o armazenamento.

Sua admiração foi ainda maior ao se dar conta de como um saco de trigo semeado se transformara na colheita de todo um trigal. Só então compreendeu a razão por detrás de cada ato do semeador.

Muitos de nós somos como o irmão impaciente da lenda. Não aguardamos o tempo nem os resultados e julgamos Deus pelas aparências. Pelo imediatismo.

Do plano terreno, que se assemelha a um vale muito grande, não conseguimos ter a visão ampliada da totalidade, nem constatar a sabedoria do plano divino.

Deus tudo realiza com justiça,
misericórdia e amor.

Cabenos cultivar a paciência e buscar a montanha da meditação, da instropecção, para lhe descobrir a grandeza.